Sou um fanático de séries. Sim, tiro séries da Internet. E vejo aquelas que posso na televisão. Porque são muitas, e boas. Todos nós já ouvimos falar de Lost, 24, CSI, House, etc. Eu vejo essas séries todas e muitas mais. As grandes produções já não se limitam ao cinema ou às longas-metragens para TV. As séries são a nova grande aposta das TV's por esse mundo fora, e algumas delas são verdadeiras obras de grande qualidade (humorística, dramática, etc). Mas essa grande aposta é terrível e estupidamente mal aproveitada na televisão do nosso País. Que a televisão portuguesa é uma miséria, já não é novidade nenhuma. Mas é realmente difícil de perceber como é que os canais conseguem anunciar durante semanas a estreia de uma grande produção, grande sucesso nos EUA, no dia tal, e numa hora decente (horário nobre), e 2 ou 3 semanas depois, os episódios já são transmitidos num dia diferente, a meio da tarde (se no fim-de-semana) ou às 2 da manhã (nos dias úteis), sem ter sido anunciado em qualquer altura no Canal ou no site da transmissora. Dou-vos o exemplo do que aconteceu na RTP 1 com Grey's Anatomy, e mesmo quem seguia a série Lost durante o ano passado, e acompanha CSI ou Dr. House, sabe do que eu tou a falar: se queremos seguir um programa de entretenimento com qualidade na nossa televisão temos 2 opções: ou "arrotamos" com 30 € por mês pa ter a TvCabo ou decidimos ficar acordados até às 2 ou 3 da manhã numa semana de trabalho. No entanto, mediocridades como os reality shows e as Floribellas insistem em entrar pelas nossas casas dentro, através de injecções industriais de especiais e emissões directas, até nos vermos obrigados a conhecer de cor as música dos genéricos desses programas e a darmos por nós com o comando na mão, a olhar para a TV e a pensar: "Este programa é mesmo mau!..." No entanto nem nos apercebemos de que lhes estamos a dar audiências! Somos a única, ou pelo menos das únicas TV's na Europa em que os canais generalistas têm noticiários de mais de uma hora. Na Alemanha não passam dos 20 min. E essa hora e meia é preenchida com: reportagens da treta a agentes da GNR que mal sabem falar em público a explicarem a operação Páscoa (que é igual todos anos) e a dizer o nº de acidentes que ocorreram (caramba, é preciso andar na GNR para saber ler um papel com números?); reportagens em directo do Hotel onde está instalada a selecção nacional que amanhã vai defrontar o Uzbequistão num amigável, para reportar que o C. Ronaldo levantou-se às 8 da manhã, fez chichi, coçou o tomate esquerdo, e desceu para o pequeno-almoço a assobiar Tony Carreira; reportagens em directo à porta do tribunal para se saber se já começou a audiência à qual a TV não tem acesso, apenas para se saber que não, ainda não começou, mas está prestes a começar pois a hora marcada era aquela; reportagens em directo do treino das equipas de futebol; reportagens sobre a loja na Parede que foi roubada 3 vezes no último mês; reportagens sobre a liderança nas audiências desse canal; reportagens sobre os prémios que a reportagem transmitida na semana anterior recebeu; uma reportagem em directo para dizer que afinal não era Tony Carreira, mas sim Boss AC que C. Ronaldo assobiava; etc, etc etc. Claro que assim não vale a pena.
E fora do horário nobre não é melhor! Os programas da manhã então são o máximo. Quem nunca aproveitou aquelas manhãs de férias em que ainda não temos nada combinado, para ir para a sala dar uma olhada na TV, enquanto se toma o pequeno almoço? Vocês não? Eu já. E o espectáculo não é bonito. A tertúlia cor-de-rosa da Sic é uma molhada de diarreias mentais que se junta para falar de pessoas. Simplesmente. E fazem-no, aparentemente, com toda a dignidade. Conhecendo ou não a pessoa em questão, estes indivíduos condenam as atitudes e comportamentos dos outros, julgando-se eles mesmos o exemplo paradigmático da pessoa decente, humilde, honesta e trabalhadora. No entanto, têm o emprego mais ridículo e inútil que eu conheço. Homem do lixo é um emprego mau: mas é essencial e necessário à sociedade, e bem mais digno do que aquilo. Outro dos meus favoritos é o Goucha. É o maior. Então quando leva para lá aqueles casos da senhora obesa que quer um penteado novo, e do menino que sonha ser cantor desde pequenino, tudo acompanhado com aquela musiquinha de fundo, um oboé enternecedor aqui, um arpeggio mágico de piano ali... há pessoas reais, com problemas reais, mas o programa do Goucha prefere expôr casos ridículos, e deixá-los ser comentados por 4 peixeiras, ou pela Lili Caneças (esta e o Cláudio Ramos mereciam um post só para falar deles, mas nem me vou dar ao trabalho). As pessoas dizem: "é isto que dá audiência, é isto que o público consome". Pois eu digo que o público consome aquilo que lhe é dado. Tudo depende da opção da televisão. É possível fazer programas com qualidade sem necessidade de serem "culturais" ou elitistas como muitos programas da 2:. "O povo é burro, só quer disto", dizem eles. O povo americano elegeu George Bush para presidente, e, no entanto, é de lá que vem o Lost! Os americanos têm muita coisa má. Muita mesmo. Mas como disse Hugh Laurie (actor britânico que interpreta o Dr. House) numa entrevista: "Antes de vir trabalhar para os EUA, tinha a ideia de que os americanos têm a irritante mania de esperar que tudo lhes caia no colo. Agora a ideia é diferente: eles trabalham que se fartam, até não poderem mais... e só aí é que esperam que tudo lhes caía no colo!" Ora digam-me lá, se para muito bom português, o processo não é exactamente o oposto disto? Nas nossas televisões tenho a certeza de que há muitos assim...
E fora do horário nobre não é melhor! Os programas da manhã então são o máximo. Quem nunca aproveitou aquelas manhãs de férias em que ainda não temos nada combinado, para ir para a sala dar uma olhada na TV, enquanto se toma o pequeno almoço? Vocês não? Eu já. E o espectáculo não é bonito. A tertúlia cor-de-rosa da Sic é uma molhada de diarreias mentais que se junta para falar de pessoas. Simplesmente. E fazem-no, aparentemente, com toda a dignidade. Conhecendo ou não a pessoa em questão, estes indivíduos condenam as atitudes e comportamentos dos outros, julgando-se eles mesmos o exemplo paradigmático da pessoa decente, humilde, honesta e trabalhadora. No entanto, têm o emprego mais ridículo e inútil que eu conheço. Homem do lixo é um emprego mau: mas é essencial e necessário à sociedade, e bem mais digno do que aquilo. Outro dos meus favoritos é o Goucha. É o maior. Então quando leva para lá aqueles casos da senhora obesa que quer um penteado novo, e do menino que sonha ser cantor desde pequenino, tudo acompanhado com aquela musiquinha de fundo, um oboé enternecedor aqui, um arpeggio mágico de piano ali... há pessoas reais, com problemas reais, mas o programa do Goucha prefere expôr casos ridículos, e deixá-los ser comentados por 4 peixeiras, ou pela Lili Caneças (esta e o Cláudio Ramos mereciam um post só para falar deles, mas nem me vou dar ao trabalho). As pessoas dizem: "é isto que dá audiência, é isto que o público consome". Pois eu digo que o público consome aquilo que lhe é dado. Tudo depende da opção da televisão. É possível fazer programas com qualidade sem necessidade de serem "culturais" ou elitistas como muitos programas da 2:. "O povo é burro, só quer disto", dizem eles. O povo americano elegeu George Bush para presidente, e, no entanto, é de lá que vem o Lost! Os americanos têm muita coisa má. Muita mesmo. Mas como disse Hugh Laurie (actor britânico que interpreta o Dr. House) numa entrevista: "Antes de vir trabalhar para os EUA, tinha a ideia de que os americanos têm a irritante mania de esperar que tudo lhes caia no colo. Agora a ideia é diferente: eles trabalham que se fartam, até não poderem mais... e só aí é que esperam que tudo lhes caía no colo!" Ora digam-me lá, se para muito bom português, o processo não é exactamente o oposto disto? Nas nossas televisões tenho a certeza de que há muitos assim...
9 comments:
Bolas! Ainda não é desta que discordo contigo!
Analisas este facto com a maior perspicácia e inteligência possíveis, e tens, tal como eu, consciência da questão. Mas se dizem: «Isto é o que o povo gosta, é o que o povo come», não podes criticar ninguém por dizer isto porque é o que realmente acontece! Sei muito bem o que é acordar numa bela manhã de Verão em casa da minha avó (que não tem TV cabo) e engolir todos, mas todos os dias a mesma sequência que passo a descrever: rtp1, praça da alegria; sic, sic 10 horas (ainda se chama assim?); tvi, programa do Goucha; por fim, resigno-me à minha existência e ligo a Playstation ou vou para a rua fazer sei lá o quê.
Sim, eu sei que não falei no canal 2, mas isso é porque penso que a gestão deste canal é a mais correcta de todos os quatro canais gratuitos da televisão portuguesa. Eu sei que muita gente poderá não concordar, mas o facto de passarem programas destinados aos mais novos é positivo, programas que por acaso ainda nos mostram résteas de algum cariz pedagógico, coisa que não acontece quando ouvimos o Claúdio Ramos a falar.
E nós, os adolescentes que adoramos as séries fabulosas que eles trazem lá da América?
Pois parece-me, caro amigo, que temos que esperar pelo final das novelas, bem lá para o final da noite, quando as pálpebras se transformarem em chumbo e quisermos ir descansar depois de mais um dia de faculdade...
desculpa discordar com o Simão ao dizer que analisaste este facto com a maior perspicácia possível, pois não é verdade. como podes falar sobre a "pessimidade" da TV portuguesa, sem relatar aqueles programas (e isto vi eu) em que uma miúda é muito triste porque NUNCA VIU O NUNO GOMES E É A MAIOR FÃ!!!! pois bem, o programa consistia em levar a miúda a falar com o Nuno Gomes...e perdeu-se uma tarde naquilo, na reportagem sobre a primeira vez que a rapariga viu e esteve com o Nuno Gomes... já para não falar, é claro, do miúdo que nunca tinha visto o mar e que foi ter com o Mantorras... e mais aqueles que vão fazer choradinhos para os noticiários da TVI a dizer que têm 50 filhos e não têm dinheiro e aí a TVI passa a dar caixinhas de Cerelac durante um mês, para que assim possam sobrevier...
enfim, é a nossa televisão... se querem vêem, senão, ligam a ps! :P
desculpa discordar com o Simão ao dizer que analisaste este facto com a maior perspicácia possível, pois não é verdade. como podes falar sobre a "pessimidade" da TV portuguesa, sem relatar aqueles programas (e isto vi eu) em que uma miúda é muito triste porque NUNCA VIU O NUNO GOMES E É A MAIOR FÃ!!!! pois bem, o programa consistia em levar a miúda a falar com o Nuno Gomes...e perdeu-se uma tarde naquilo, na reportagem sobre a primeira vez que a rapariga viu e esteve com o Nuno Gomes... já para não falar, é claro, do miúdo que nunca tinha visto o mar e que foi ter com o Mantorras... e mais aqueles que vão fazer choradinhos para os noticiários da TVI a dizer que têm 50 filhos e não têm dinheiro e aí a TVI passa a dar caixinhas de Cerelac durante um mês, para que assim possam sobrevier...
enfim, é a nossa televisão... se querem vêem, senão, ligam a ps! :P
Ele critica é a falta de qualidade da programação da televisão portuguesa!!!
Deixem o governo tratar do resto porque eles até estão a fazer um bom trabalho.
Ah desculpem la mas eu discordo... eu gosto muito da televisao portuguesa, especialmente do grande icone nacional... as Pistas da Blue! Espectacular!
grande ícone nacional... mais que não seja por até o nome ser em inglês… podiam pôr "As Pistas da Azulinha" ou assim…lool
Faço minhas as palavras do jota!
gostei muito da parte do "coçar o tomate eskerdo"
Tiago correia
Tudo o que tenha a ver com tomates o tiago gosta, especialmente de virar o cu para os outros. Sabe mesmo bem!
nao poderia estar mais de acordo com esta analise, e reforço, as series que dão na 2: sao muito boas, a que actualmente sigo e "Bones", tal como outros programas de caracter cultural e cientifico.
grd abraço e mais uma vez parabens
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